Segurança emocional: O que nos faz ficar ou partir?
- Jaylson Dantas

- Jan 20
- 2 min read
Não sou eu quem conduz meus atendimentos, mas sim o anseio de se vincular que transborda em algumas palavras ditas pelos meus pacientes.
Desde 2014, quando iniciei minha trajetória clínica, guardei comigo uma das frases marcantes da minha orientadora na época: "O que mais se repete na clínica de vocês?" Durante uma supervisão de grupo — uma prática comum entre psicólogos para debater casos clínicos à luz de uma determinada abordagem — ela me entregou um artigo sobre relações tóxicas.
Não foi por acaso. Com o tempo, percebi que meus estudos e a dinâmica de chegadas e partidas dos pacientes no consultório estavam atravessados por essa demanda. Hoje, com um olhar mais amadurecido, entendo que a questão não se resume às toxicidades em si, mas às dificuldades de estar e se vincular em uma relação que ofereça, minimamente, alguma segurança emocional para ambas as partes.

A Terapia do Esquema descreve que, durante o desenvolvimento, nossas necessidades emocionais básicas precisam de um espaço seguro onde possam se estabilizar de forma satisfatória. As relações de afeto com os cuidadores, por sua vez, funcionam como esse primeiro espelho. Quando esses dois pilares — segurança e reconhecimento — são fragilizados ou negligenciados, formam-se as bases para esquemas iniciais desadaptativos.
Esses esquemas são padrões profundos e automáticos de pensamento, emoção e comportamento que moldam a forma como nos relacionamos com o mundo e conosco mesmos. Quando a necessidade de segurança emocional não é atendida de forma consistente, a mente constrói interpretações rígidas sobre si e sobre os outros, levando a crenças como "não posso confiar em ninguém", "não sou digno de amor" ou "minhas emoções não importam".
Com o tempo, esses esquemas podem se manifestar em padrões de apego ansioso, medo da rejeição, autossabotagem ou dificuldades em estabelecer e manter relações saudáveis. O desafio na vida adulta não é apenas reconhecer esses padrões, mas também criar novas experiências emocionais que ressignifiquem essa base instável, permitindo relações mais seguras e satisfatórias.



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